Moradores de 66 aldeias enfrentam dificuldades devido à falta de atendimento médico. Segundo lideranças locais, oito pessoas morreram sem diagnóstico nos últimos seis meses. Lideranças indígenas do povo Apinajé denunciam situação precária do atendimento de saúde
A falta de assistência de saúde e mortes registradas dentro de aldeias da etnia Apinajé, em Tocantinópolis, no norte do estado, levou moradores a denunciarem a situação. O que mais atrapalha os indígenas a conseguirem ter o aos hospitais da região é a falta de transporte.
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Kunityk Apinajé tem 92 anos e precisa fazer manutenção na bolsa de colostomia que está entupida, mas não consegue transporte. O idoso fala pouco português, mas sabe que a situação que enfrenta não é normal. “Eu quero pedir pra autoridade, remédio pra nós, remédio”, comentou.
O idoso perdeu a esposa há seis meses e a família nunca recebeu informações sobre a causa da morte dela.
O povo apinajé possui 66 aldeias no extremo norte do Tocantins. Todas têm problemas da falta de o aos sistemas de saúde. Segundo as lideranças, só nos últimos seis meses oito pessoas morreram sem diagnósticos.
A Secretaria de Estado da Saúde informou, em nota, que apura as queixas relatadas e que tem compromisso com um atendimento humanizado e de qualidade a todos os usuários do SUS, incluindo os povos indígenas. O Ministério da Saúde informou que equipes multidisciplinares do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) fazem o acompanhamento de saúde e de assistência primária nas sessenta e seis aldeias da etnia Apinajé (veja nota na íntegra no fim da reportagem).
Em outra aldeia, Jocasta Xerente tem 36 anos e está grávida de cinco meses. Até o momento ela não conseguiu fazer os exames de pré-natal, necessários para a gestação.
“Tá faltando exame e ultrassom, até agora que eu não fiz ainda eu tô esperando”, contou a gestante.
Além das mulheres grávidas, alguns recém-nascidos também não aram por exames básicos. Marcos tem apenas um mês e perdeu a mãe após o parto. A avó materna cuida do menino que ainda está sem o teste do pezinho.
“Eu fico preocupada porque ele é pequenininho ainda, por isso que eu fico preocupada quando ficar doente”, comentou a avó Juraci Almeida Apinajé.
Na Aldeia Patizal há um posto de saúde, mas a prateleira de remédios está vazia. Os medicamentos de uso continuo também estão em falta. O aparelho de medir pressão está sem pilha. A balança não funciona e a maca não pode ser usada de tão velha. A estrutura do postinho está com rachaduras, segundo cacique Jesuíno Apinajé
“Tá caindo coisa assim da beirada, né, nós ficamos com medo de ficar debaixo e cair em cima de nós (sic)”, comentou.
Indígena de 92 anos que mora em aldeia de Tocantinópolis precisa de atendimento médico
Reprodução/TV Globo
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O caos na saúde indígena da região chegou ao conhecimento das Defensorias Públicas da União e do Estado do Tocantins. A situação ficou evidente durante mutirão de atendimentos realizados pelos órgãos, conforme explicou a defensora estadual Letícia Amorim.
“Muitas pessoas que nós ouvimos, elas nos relataram essa ausência de realização de exames pela rede pública. O que pode ocasionar, certamente um óbito se aquela equipe médica não tiver conhecimento de problemas preexistentes”, reforçou Letícia.
Uma reunião entre as defensorias e representantes dos municípios, do estado e do governo federal está marcada para a próxima semana, com o objetivo de discutir soluções para a saúde indígena no estado.
“Nós estamos pedindo socorro porque nós não temos mais a quem a recorrer. Então nós já enviamos vários documentos às autoridades competentes, mas infelizmente não tem resposta”, afirmou a conselheira de Saúde Indígena Marlucia Apinajé.
Defensorias do Tocantins e da União investigam situação caótica no sistema de saúde em aldeias indígenas do estado
Reprodução/TV Globo
Íntegra da nota da SES
A Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES-TO) informa que o Sistema Único de Saúde (SUS), possui o Subsistema de Atenção à Saúde Indigena (SasiSUS), dentro do Ministério da Saúde (MS), um componente coordenado e executado pela Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), a qual coordena os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), os quais são responsáveis pela população indígena dentro de seus territórios e devem trabalhar de forma articulada com o município onde se localiza a aldeia.
A SES-TO esclarece que, no caso das transferências de pacientes, a responsabilidade inicial (da aldeia à unidade básica ou ao hospital estadual) é do DSEI em parceria com a rede municipal de saúde, cabendo ao Estado o translado entre suas unidades.
A Pasta destaca que a dispensação de bolsas de colostomia aos pacientes assistidos pela rede estadual segue regular e desde o início de 2023 foram entregues mais de 41 mil unidades pela Superintendência da Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência (SRCD), a pacientes devidamente regulados. Além disso, o dispositivo é colocado na assistência hospitalar, sem demanda reprimida para ambos os casos.
A SES-TO pontua que a coleta para o teste do pezinho é realizada em âmbito municipal, salvo os exames a bebês que nascem nas maternidades de alto risco. Da mesma forma, o pré-natal é feito pelas unidades básicas de saúde, com exceção das gestantes de alto risco que são acompanhadas pelas maternidades de alta complexidade na rede estadual.
Por fim, a Secretaria enfatiza que toda população tocantinense usuária do SUS, tem acolhimento em suas unidades que são portas abertas para garantir o tratamento necessário, em tempo oportuno, garantindo a continuidade do atendimento, conforme os fluxos estabelecidos.
Íntegra da nota do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), informa que as equipes de saúde do DSEI Tocantins encaminharam esses pacientes até a unidade hospitalar do município para continuidade do atendimento. As equipes multidisciplinares do DSEI , composta por médicos, enfermeiros, odontólogos, entre outros profissionais, fazem o acompanhamento de saúde e assistência primária nas 66 aldeias da etnia apinajé.
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A falta de assistência de saúde e mortes registradas dentro de aldeias da etnia Apinajé, em Tocantinópolis, no norte do estado, levou moradores a denunciarem a situação. O que mais atrapalha os indígenas a conseguirem ter o aos hospitais da região é a falta de transporte.
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Kunityk Apinajé tem 92 anos e precisa fazer manutenção na bolsa de colostomia que está entupida, mas não consegue transporte. O idoso fala pouco português, mas sabe que a situação que enfrenta não é normal. “Eu quero pedir pra autoridade, remédio pra nós, remédio”, comentou.
O idoso perdeu a esposa há seis meses e a família nunca recebeu informações sobre a causa da morte dela.
O povo apinajé possui 66 aldeias no extremo norte do Tocantins. Todas têm problemas da falta de o aos sistemas de saúde. Segundo as lideranças, só nos últimos seis meses oito pessoas morreram sem diagnósticos.
A Secretaria de Estado da Saúde informou, em nota, que apura as queixas relatadas e que tem compromisso com um atendimento humanizado e de qualidade a todos os usuários do SUS, incluindo os povos indígenas. O Ministério da Saúde informou que equipes multidisciplinares do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) fazem o acompanhamento de saúde e de assistência primária nas sessenta e seis aldeias da etnia Apinajé (veja nota na íntegra no fim da reportagem).
Em outra aldeia, Jocasta Xerente tem 36 anos e está grávida de cinco meses. Até o momento ela não conseguiu fazer os exames de pré-natal, necessários para a gestação.
“Tá faltando exame e ultrassom, até agora que eu não fiz ainda eu tô esperando”, contou a gestante.
Além das mulheres grávidas, alguns recém-nascidos também não aram por exames básicos. Marcos tem apenas um mês e perdeu a mãe após o parto. A avó materna cuida do menino que ainda está sem o teste do pezinho.
“Eu fico preocupada porque ele é pequenininho ainda, por isso que eu fico preocupada quando ficar doente”, comentou a avó Juraci Almeida Apinajé.
Na Aldeia Patizal há um posto de saúde, mas a prateleira de remédios está vazia. Os medicamentos de uso continuo também estão em falta. O aparelho de medir pressão está sem pilha. A balança não funciona e a maca não pode ser usada de tão velha. A estrutura do postinho está com rachaduras, segundo cacique Jesuíno Apinajé
“Tá caindo coisa assim da beirada, né, nós ficamos com medo de ficar debaixo e cair em cima de nós (sic)”, comentou.
Indígena de 92 anos que mora em aldeia de Tocantinópolis precisa de atendimento médico
Reprodução/TV Globo
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Indígena desaparece enquanto tomava banho e corpo é encontrado no rio Javaés
O caos na saúde indígena da região chegou ao conhecimento das Defensorias Públicas da União e do Estado do Tocantins. A situação ficou evidente durante mutirão de atendimentos realizados pelos órgãos, conforme explicou a defensora estadual Letícia Amorim.
“Muitas pessoas que nós ouvimos, elas nos relataram essa ausência de realização de exames pela rede pública. O que pode ocasionar, certamente um óbito se aquela equipe médica não tiver conhecimento de problemas preexistentes”, reforçou Letícia.
Uma reunião entre as defensorias e representantes dos municípios, do estado e do governo federal está marcada para a próxima semana, com o objetivo de discutir soluções para a saúde indígena no estado.
“Nós estamos pedindo socorro porque nós não temos mais a quem a recorrer. Então nós já enviamos vários documentos às autoridades competentes, mas infelizmente não tem resposta”, afirmou a conselheira de Saúde Indígena Marlucia Apinajé.
Defensorias do Tocantins e da União investigam situação caótica no sistema de saúde em aldeias indígenas do estado
Reprodução/TV Globo
Íntegra da nota da SES
A Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES-TO) informa que o Sistema Único de Saúde (SUS), possui o Subsistema de Atenção à Saúde Indigena (SasiSUS), dentro do Ministério da Saúde (MS), um componente coordenado e executado pela Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), a qual coordena os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), os quais são responsáveis pela população indígena dentro de seus territórios e devem trabalhar de forma articulada com o município onde se localiza a aldeia.
A SES-TO esclarece que, no caso das transferências de pacientes, a responsabilidade inicial (da aldeia à unidade básica ou ao hospital estadual) é do DSEI em parceria com a rede municipal de saúde, cabendo ao Estado o translado entre suas unidades.
A Pasta destaca que a dispensação de bolsas de colostomia aos pacientes assistidos pela rede estadual segue regular e desde o início de 2023 foram entregues mais de 41 mil unidades pela Superintendência da Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência (SRCD), a pacientes devidamente regulados. Além disso, o dispositivo é colocado na assistência hospitalar, sem demanda reprimida para ambos os casos.
A SES-TO pontua que a coleta para o teste do pezinho é realizada em âmbito municipal, salvo os exames a bebês que nascem nas maternidades de alto risco. Da mesma forma, o pré-natal é feito pelas unidades básicas de saúde, com exceção das gestantes de alto risco que são acompanhadas pelas maternidades de alta complexidade na rede estadual.
Por fim, a Secretaria enfatiza que toda população tocantinense usuária do SUS, tem acolhimento em suas unidades que são portas abertas para garantir o tratamento necessário, em tempo oportuno, garantindo a continuidade do atendimento, conforme os fluxos estabelecidos.
Íntegra da nota do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), informa que as equipes de saúde do DSEI Tocantins encaminharam esses pacientes até a unidade hospitalar do município para continuidade do atendimento. As equipes multidisciplinares do DSEI , composta por médicos, enfermeiros, odontólogos, entre outros profissionais, fazem o acompanhamento de saúde e assistência primária nas 66 aldeias da etnia apinajé.
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